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Somos Ciclícos



Prof. Henrique Pagnoncelli

Parapsicólogo clínico

Blumenau/SC


Falar de ciclo é falar de tempo. Começo, meio e fim. O fim de um ciclo é o começo de outro. Para um novo ciclo começar, o anterior precisa ser concluído.

Originalmente, na palavra “ciclo” vem embutida a ideia de algo redondo. Ou seja, tudo volta ao início, tudo gira de forma circular. Há ciclos longos e outros curtos. Assim é a natureza. Assim podemos evoluir. Nós somos cíclicos, estamos em constante mutação, todo dia e todo ano algo em nós se inicia e se encerra. Vida e morte também são cíclicas. Tudo começa e tudo termina. Tudo muda, tudo se renova. Nós também, sendo parte da natureza, mudamos; porém, é indispensável a renovação.

Desapegar-se de coisas, de hábitos, de pessoas e de ideias ultrapassadas torna a jornada mais leve. O medo da mudança nos deixa estagnados, engessados, obstruindo o ciclo evolutivo. Cada caminho que se abre, exige uma renúncia.

Cada renúncia, é um fechar de ciclo. Tratam-se de fenômenos que se repetem periodicamente. Toda a natureza está em ordem. Essa ordem é cíclica. Resta-nos conhecer essa ordem e respeitá-la.


Menciono apenas alguns exemplos. Estações do ano: primavera, verão, outono e inverno. O ano em si é um grande ciclo. Os meses, as semanas, o dia e a noite também são cíclicos. Ciclos lunares: minguante, nova, crescente e cheia. As fases da vida também são cíclicas: fecundação, gestação, processo de nascimento, infância, adolescência e vida adulta. Ciclo menstrual, ciclo das águas, ciclo de palestras, enciclopédia, ciclismo, etc.

Nossa vida acontece naturalmente de uma forma cíclica. Conhecer-se é perceber esses fenômenos se manifestando cotidianamente. O que se repete ciclicamente em nossa vida por lealdades invisíveis e limitantes? Tomar consciência disso é deixar de ser normal (norma, hábitos, crenças, vícios — tudo isso é cíclico) para ser natural, criativo, expansivo, evolutivo. Conhecer as leis da natureza que constituem uma ordem regular, cíclica, torna nossa vida leve e fluente.


Transformar os hábitos diários em verdadeiros rituais com começo, meio e fim. Exemplos: toda conversa (diálogo) é um ritual em que se intercalam momentos de expressar algo com palavras e gestos e alguém que atentamente ouve. A propósito, na raiz da palavra “obediência” está a ideia de saber escutar, prestar atenção. A partir disso, do diálogo (através da palavra), chega-se a um entendimento, ou seja, sabendo escutar. A própria formulação de uma frase, importante na comunicação, tem começo, meio e fim. Tudo é circular, redondo e cíclico. Uma refeição em família, entre amigos, numa comemoração qualquer, tendo consciência da ritualística presente, torna valoroso o momento de convívio fraterno. Uma celebração religiosa eucarística (ação de graças) é um ritual que aponta para a transcendência que dá sentido à existência. Por ocasião de um aniversário, o término de um ciclo é o início de outro. O acasalamento também é um ciclo. Em muitas culturas, cada ciclo ainda é celebrado e marcado de forma ritualística, do qual cantorias e danças fazem parte festivamente.

Estamos na reta final de um grande ciclo, que é este ano de 2020. Todos os anos, ao adentrarmos no mês de dezembro, o comportamento de muitas pessoas é marcado pela ansiedade, como se fosse o fim da vida. Todavia, é apenas o fim de um ano. Frases como estas são pronunciadas automaticamente: “Graças a Deus que este ano está terminando”; “Foi um ano terrível”; “Não vejo a hora de que tudo acabe”... Mal se dão conta de que, ao término desse ciclo, no início de janeiro a vida segue um novo, porém, a mudança dos ciclos da consciência de cada um precisa se ampliar. Do contrário, o ciclo se renova, mas a mentalidade é a mesma, as crenças e a visão são as mesmas. O réveillon (palavra de origem francesa que significa “despertar”) é um ritual preparado com bastante tempo e aguardado por todos, em que se encerra um ciclo e se inicia outro de forma alegre e festiva, com jantares e shows pirotécnicos. O estourar de fogos de artifício, além de colorir os céus, têm a função de limpar energeticamente o momento carregado negativamente que se encerra. Foi um ano diferente. Foi o ano em que a terra parou. Há mais de 40 anos, Raul Seixas sonhou “o dia em que a terra parou”. Foi um sonho precognitivo. O mundo parou, o planeta — nossa casa comum — está se revitalizando e se regenerando das ações predatórias do ser humano.


Faz-se necessário e urgente o mesmo procedimento com cada um de nós: parar, tomar consciência, ampliar a consciência para ter uma postura visionária e, consequentemente, segura. Numa viagem interior, ir para dentro e olhar para dentro e transformar isso num ritual cíclico diário. A vida, nós, tudo é cíclico.



Por Henrique Pagnoncelli




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