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  • Foto do escritorHenrique Pagnoncelli

Páscoa é Passagem...





O Sol, a Terra, a Lua são realidades cósmicas nas quais vivemos, das quais dependemos e pelas quais somos influenciados. O Sol, com sua luz e calor, traz vida; a mãe Terra nos abriga e nos sustenta; a Lua, com seus movimentos, também exerce seu papel. Entre os povos primitivos e, mesmo hoje, essas realidades são marcos de referências. No Antigo Testamento, sobretudo, é de suma importância o conhecimento do papel que cada uma dessas realidades desempenha.

A celebração da Páscoa, uma das festas em Israel, de origem agrícola, nômade-pastoril, obedece aos movimentos, principalmente da Lua. A Páscoa teve vários momentos. Sua origem está ligada aos povos primitivos, que se ocupavam com o cuidado da terra e dos rebanhos. Portanto, uma festa pastoril, de origem nômade. Era uma comemoração primaveril, celebrada na passagem do inverno para a primavera. Uma festa de muita alegria porque a natureza, morta pelos rigores da estação do inverno, se fazia verdejante, cheia de vida, com as condições climáticas da nova estação do ano, a primavera.

O ritual consistia no seguinte: os pastores de tribos nômades, no início da primavera, ofereciam um cordeiro do rebanho em sacrifício, com fins de obter da divindade a proteção do rebanho. Era um ritual religioso familiar e tribal, sem nenhuma ligação com a classe sacerdotal ou com o templo. O sangue do animal sacrificado era aspergido sobre o cordame das tendas dos pastores para evitar (desviar, exorcizar) a influência dos espíritos malignos. Depois, comiam a carne assada ao fogo. Esse sacrifício do cordeiro era celebrado no início da primavera, isto é, na primeira lua cheia da primavera. Os pastores ofereciam um cordeiro e os agricultores ofereciam frutos da terra. Essa influência permanece até hoje. Na Europa, a Páscoa é marcada e celebrada no domingo seguinte à primeira lua da primavera. Aqui no Brasil, acontece no primeiro domingo após a primeira lua cheia de outono. A partir da data da Páscoa, marcam-se as outras festas: carnaval, Pentecostes, Corpus Christi. Por isso, não são festas fixas, como, por exemplo, o Natal, que é sempre em 25 de dezembro.

A essa festa pastoril-nômade e agrícola, foi conferido um significado novo pelo povo hebreu. Isso por ocasião de sua libertação da escravidão do Egito. O povo escolhido passou a celebrar a Páscoa não mais como passagem da natureza morta (pelo inverno) para a vida nova (a primavera), mas como passagem sua da escravidão no Egito, para a liberdade na Terra Prometida. O rito praticamente era o mesmo. O que mudava era o significado. Esse fato podemos conferir em Ex 12,1-27, onde temos a instituição da Páscoa com seu novo sentido, dado por Moisés: Páscoa é libertação. Convém destacar que a Páscoa não teve seu começo no momento da saída do Egito. O fato do êxodo do Egito coincide com a celebração do cordeiro entre os nômades. O que ocorreu foi um novo sentido dado a essa festa já existente.

Assim era a Páscoa entre os judeus. E no Cristianismo, como é vista? Qual o sentido que lhe é dado? Com Jesus de Nazaré, o Cristo, a Páscoa ganha um novo sentido: passagem da morte para a vida, novamente, mas marcada pela Ressurreição gloriosa. É a vitória da vida. A esperança venceu o medo da morte. A confiança e a esperança que muitos haviam depositado em Jesus pareciam ter sido frustradas. Deixara-se matar. O desânimo foi total. A morte parecia vitoriosa. Mas que alegria quando chegou o dia da Páscoa entre os judeus: Jesus Ressuscitou. Passou pelo vale da morte e deu vitória e sentido pleno à vida. Realizamos nossa Páscoa, hoje, passando do egoísmo para a solidariedade; do ódio para o amor. Passagem da desinformação e da culpa para uma realidade de autoconhecimento, de autoconsciência e de libertação da culpa. O autoconhecimento dá acesso à alma e nos aproxima de Deus. Em Jesus, Deus se fez homem para que o homem se eleve à condição de Filho de Deus.

Por Henrique Pagnoncelli

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