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  • Foto do escritorHenrique Pagnoncelli

Criança Livre, Adulto Feliz



Prof. Henrique Pagnoncelli

Parapsicólogo clínico

Blumenau/SC


No dia 12 de outubro, comemora-se o dia das crianças aqui no Brasil. Essa data nos dá a oportunidade de refletir sobre a criança que fomos um dia e também sobre nossa criança interior. A isso, proponho-me neste momento.

Dar atenção para a criança interior, olhar para ela. Ela quer ser notada a partir do seu jeito de ser, livre. Ao olhar para trás, você poderá encontrar a criança que foi abandonada, censurada, julgada e criticada por você mesmo em lealdade aos mais velhos. Os mais velhos olhavam para você criança com juízo pronto, alguém inocente e que não sabia nada, que era excluída em diversas ocasiões. Rótulos foram impressos na sua mente: arteira, desatenta, birrenta, preguiçosa, desobediente... Infelizmente, você ficou com eles.

Jesus, no evangelho de Mateus, faz uma bela demonstração diante de uma preocupação dos seus discípulos a respeito de quem seria o maior e mais importante no Reino de Deus. Parece hoje, um querendo ser mais importante e ter mais prestígio do que o outro. Então Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio deles e disse: “Com toda a certeza vos afirmo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no Reino dos céus. Portanto, todo aquele que se tornar humilde, como esta criança, esse é o maior no Reino dos céus” (Mt 18,1-4). Um recado atual, simples e direto. Olhando para as crianças — óbvio, antes de serem formadas pelos adultos, que um dia também foram crianças —, percebemos essas características e esses comportamentos. A criança é humilde, simples, autêntica, alegre, sorridente, livre, criativa, curiosa, descontraída, leve, amorosa...


Ser criança é o estado mais puro do ser humano.

Porém, os adultos, enfatizo novamente, que um dia foram crianças e se tornaram adultos, por lealdade invisível às formas que lhe deram a atual forma de viver, passaram os seguintes ensinamentos que se tornaram crenças: “Crianças, sigam os exemplos dos mais velhos”, “Obedeçam aos mais velhos”. O que isso significa? Olhando os exemplos dos mais velhos, percebe-se o quê? Mentiras, competição, brigas, intrigas, falsidade, orgulho, arrogância. E veja que paradoxo contraditório gerador de conflitos nas crianças. Elas começam a seguir esses exemplos dos adultos e são repreendidas, censuradas, e muitas são agredidas fisicamente, pois determinado comportamento é feio. São esses ensinamentos e essas crenças que geram os comportamentos que nos afastam da essência divina, que é o Reino de Deus.



Resgatar nossa criança interior é reaprender a criatividade e a arte. Chamaram-na de arteira, numa conotação negativa. Um talento reprimido. A criança nos faz colorir o mundo. Nos faz ver o mundo colorido.

O adulto, retomando a arte e a criatividade, está resgatando a criança reprimida, encolhida e engessada pelos cantos da casa e da escola. Deixou de amar as artes, deixou de amar a criatividade para se ajustar à estagnação dos adultos, cheios de certezas. Agora, adultos, estamos certos e sem certezas. Nas incertezas, vivemos apreensivos e sérios.

O adulto, permitindo-se viver livre, autêntica e espontaneamente, está libertando a criança presa, fechada e emburrada.

O adulto, sendo humilde, como nos lembra Jesus, torna sua vida flexível, vale dizer, sem a rigidez do orgulho.

O adulto, sendo alegre, contente e bem-humorado, passa a sorrir mais, passa a ter um semblante sereno, desarmado. A criança nos faz sorrir espontaneamente.

O adulto, sendo amoroso, simpático, acolhedor, dá lugar à criança interna, transformando sua vida repleta de harmonia.

O adulto que estuda, pesquisa e se conhece está buscando e resgatando a criança curiosa, sedenta de saber mais, que fora censurada.

O adulto que se permite o lazer, o prazer, o passeio, as férias, está dando lugar à criança que brinca e que se aventura.

O adulto que é atento e que ouve permite à sua criança interior inspirá-lo com intuições reveladoras.

O adulto se organiza, faz seus planejamentos, e, se sua criança interior está junto, esse processo ocorre com leveza.

Ao ignorar a criança, o adulto torna-se sisudo, sério e ameaçador porque está com medo. Então agride, submete e censura.

A criança não se esconde, ela quer aparecer. É a vida desabrochando. Faz-se necessário conversar com sua criança, permitir-se falar e se expressar. Agora, é possível abrir a boca e falar. Não há mais censura. Resgatar a confiança e a segurança da criança é o caminho para o adulto tornar-se livre e criativo.

O estado de espírito da criança é de leveza, de ternura e de confiança. Isso torna o adulto equilibrado, com fé, ternura e vigor.

O atrevimento da criança nos impulsiona a seguir em frente. A criança não está no trilho, isto é, não tem tudo previsível. A criança está na trilha, tudo é imprevisível, mas se trata de uma criatividade onde estão todas as possibilidades.

O adulto que se ofende facilmente, que se leva a sério demais, está com sua criança assustada e presa dentro de si. Não seja o cárcere (a gaiola) de sua criança. O adulto é crítico, julga demais. A criança não critica, não julga. O adulto se ofende por qualquer coisa. A criança é bem-humorada.

O adulto em paz com sua criança interior vive harmonicamente sua naturalidade. Isso é o Reino de Deus. Estamos a caminho. Há muitos passos a percorrer. Quem nos entusiasma nessa caminhada é a criança alegre, humilde, criativa, contente, espontânea, sorridente, curiosa, feliz.

A criança está focada na vida, no momento presente. Não há preocupação com um futuro inexistente. Liberar a criança com consciência no presente é transformador.




Por Henrique Pagnoncelli




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