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Perdão

  • Foto do escritor: Henrique Pagnoncelli
    Henrique Pagnoncelli
  • 20 de nov. de 2019
  • 4 min de leitura

Atualizado: 19 de ago. de 2020



O tema do perdão é bastante complexo: perdoar alguém, alguém me perdoar, eu me perdoar. Temos poder para tanto? Não seria muita presunção? Com que referências ideológicas e morais nos autorizamos a tamanho julgamento?


A ideia do perdão supõe a presença da culpa. Antes de qualquer acusação e de culpar alguém, precisamos ver o que causou determinada desarmonia. Erramos, prejudicamos alguém muitas vezes sem nos darmos conta. Quanto mais a pessoa ignora a si mesmo, mais é levada a causar desarmonias consigo mesmo e com os demais (pessoas, animais, natureza). O ser humano sofre, faz os outros sofrerem por ser um desinformado sobre si e, consequentemente, sobre os outros. Usa esse potencial para se destruir e passa a culpar pessoas, Deus e o destino, exigindo perdão, fazendo-se de vítima num verdadeiro drama. Para perdoar se faz necessário conhecer-se. Do contrário, é apenas da boca para fora, como se percebe isso de modo geral. Perdoar e reconciliar-se passa pelo caminho do diálogo e contextualizar a realidade abordada. A passagem do evangelho onde Jesus diz aos seus algozes: Pai, perdoa-lhes porque eles não sabem o que estão fazendo, mostra o estrago que a ignorância produz. Eles estavam convictos da verdade deles. Jesus foi visto com uma pessoa perigosa e subversiva, uma ameaça ao sistema religioso e político da época. Portanto, foi eliminado politicamente. Isso serve para nós também. Às vezes, somos prejudicados, julgados e condenados, por pessoas que não se dão conta do que está acontecendo. Sem conhecimento de causa. Muitas vezes, nós, ignorando situações, fazemos o mesmo: julgamos, condenamos e cometemos muitas injustiças contra outra pessoa. Ao julgarmos certo ou errado, vale reforçar a pergunta: com que referências ideológicas e morais fazemos isso? A isenção e a imparcialidade são, em muitos casos, ignoradas. Perdoar é algo muito complexo, temos que conhecer melhor a nós, os outros e a complexidade das relações. Tendo essa contextualização, se ainda houver necessidade de perdoar, ficará mais fácil. Fica mais fácil perdoar quando se entende o porquê dos fatos. Ao compreender a origem, as causas de certos desentendimentos, se houver a necessidade, fica bem mais fácil perdoar. Sempre buscar causas e não culpados. No fundo, nós somos vítimas de muitas programações do subconsciente que nos levam a agir sem querer. Nessas desarmonias temos muitas programações que nos condicionam a praticar aquilo que nos faz sofrer. A culpa nem é da pessoa que praticou isso. Podia ter sido outra pessoa qualquer, mas foi aquela. O que ocasionou essa situação foi o seu subconsciente mal programado.


Não perdoar é manter-se num campo de guerra, onde não há paz. É viver no sofrimento. É destilar veneno, tomar do próprio veneno, esperando que o outro morra. Não perdoar é manter uma ferida aberta e, de vez em quando, mexer nela para sangrar novamente. Errar é humano. Permanecer no erro e sofrer suas consequências, é uma inconsciência absurda. Não é castigo divino, pois Deus não castiga ninguém. É sim, consequência dos nossos condicionamentos. Antes de sermos culpados, somos vítimas de nós mesmos, num verdadeiro processo de autodestruição. “Perdoar é libertar um prisioneiro e então, descobrir que o prisioneiro era você”. (Lewis B. Smedes). Ao perdoar você faz um grande bem a você mesmo. É um presente que você se dá. Perdoar é curar-se. Tirar uma lição do que ocorreu para que isso não se repita. Ficar na mágoa é expor-se a mais desarmonias, uma vez que os semelhantes se atraem. Perdoar é desapegar-se do passado. Compreender cada fato dentro do seu contexto. Lembrar para compreender e não para lamentar, senão é mágoa. Mágoa é lembrar, se lamentar, ressentir para sofrer novamente. Ao fazer isso, então, você precisa se perdoar. É um massacre que você faz a si mesmo, por pura desinformação da sua própria natureza. Para perdoar temos, primeiro de tudo, que deixar o orgulho e o ego de lado. O orgulho e o ego são couraças que vestimos para passar a imagem que somos perfeitos, livres da possibilidade de errar. Acha-se que com isso escondemos nossas inseguranças e medos. É um esforço inútil. Enquanto estamos neste corpo e neste mundo estamos nos aperfeiçoando. Portanto, não somos perfeitos e nem podemos julgar e nem termos a presunção de perdoar. Mas sim, compreender, ter compaixão por si e pelos demais. Não sejamos perfeitos, mas inteiros, nos lembra Jung. Isto é, buscar a inteireza do ser: corpo, mente e espírito. Perdoar não é ato verbal, da boca para fora; tem que vir de dentro, do coração. Entender as razões do porquê naquela determinada ocasião se envolveu num desentendimento qualquer. Algo na pessoa permitiu que isso acontecesse. A pessoa atraiu aquilo a partir de padrões mentais já presentes em si.


A famosa frase do evangelho: Amai vossos inimigos, significa que nessas circunstâncias devo me autoanalisar e buscar o porquê estou atraindo isso. Há algo que preciso aprender. Tem a ver comigo, com meus inimigos internos, minhas sombras, para as quais me nego a olhar. Os inimigos externos são extensões do meu mundo interno. Expressa fora o que está dentro. Por isso esses inimigos, não são inimigos, mas oportunidades para me autoanalisar e, por isso, devo amá-los. Eles, sem intenção, estão me aprestando um caminho de superação de mim mesmo. Portanto, uma vez que eu atraí essa situação, tenho algo a aprender. Devo olhar para isso e humildemente aprender para meu próprio aperfeiçoamento e evolução. Aí nossa atitude é de gratidão e amor. Foi isso que Jesus quis passar.


Perdoar a si mesmo, porque erramos com frequência. Ao perdoar-se, se houver a necessidade de perdoar aos outros, fica mais fácil. É um gesto de humildade, é abrir mão do orgulho. Perdoar não significa esquecer, nós temos memória. Olhar para os fatos com um novo olhar, sem julgamento. Como a própria palavra perdão significa, literalmente: abrir mão, deixar ir embora. Isso nos traz paz.

Por Henrique Pagnoncelli

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